publicado originalmente em 12/06/2008 (atualizado 2023)
Tendo feito minha inciação digital no Windows 3.x, em 2006, inconformado com o “Vista”, resolvi mudar de sistema operacional (SO). Bem, isso é quase como se divorciar de uma pessoas problemática, mas conhecida e casar com uma nova pessoa, a principio desconhecida e misteriosa. Hoje só posso dizer o seguinte: estou muito feliz com a troca e só me pergunto porque não fiz isso antes?!! As razões que me levam a fazer esta afirmação são muitas:
O GNU/Linux é rápido, sem frescura pra ligar e desligar. O Linux é direto. Plugou o pendrive > está plugado e pronto para uso. Na hora de desplugar é só clicar em cima e desligar, pronto. Não tem aquele monte de avisos, blá, blá, blá,…. O GNU/Linux é seguro. Qualquer mudança nos arquivos de sistema e mesmo movimentação de pastas do SO precisam ser autorizadas por senha. Por isso é muito difícil um vírus ou programa mal intencionado invadir a máquina.
O GNU/Linux é um programa livre, de código aberto e aprimorado colaborativamente por milhares de programadores ao redor do mundo, recebendo melhorias constantes e muitas ideias geniais que só um trabalho em equipe, transparente e aberto pode acolher. Neste ponto seria bom esclarecer: porque o nome GNU/Linux e não simplesmente Linux? Em primeiro lugar trata-se de justiça histórica. Este sistema surgiu pela união de dois projetos: o GNU (acrônimo de Gnu is Not Unix) desenvolvido por Richard Stallman e do kernel criado por Linus Torvalds. A relação entre ambos os projetos e personalidades envolvidas é complexa… Destino, visões, valores, questões humanas e genialidade conectam de forma peculiar (as vezes quase irônica) estes dois impulsos. Vale um busca na internet para saber mais sobre o assunto.
Mas seja como for, o resultado é estimulante e propiciou o surgimento de muitos bons aplicativos. Para a área musical, por exemplo, temos o JACK ou o Pipewire que permitem o usuário interconectar livremente seus vários aplicativos de áudio e midi. Isso no Windows nem sempre é possível e só com muita ginastica e aceitando as configurações pré definidas o usuário tem acesso a este nível de configuração. Por ser aberto e não ter nada a esconder toda a energia se volta para de fato melhorar o sistema, e qualquer um pode dar suas sugestões. Você já pensou quantas linhas de código, tempo e energia são necessárias só pra impedir que alguém tenha acesso ao código fonte de um programa proprietário? Na comunidade GNU/Linux ninguém se preocupa com isso, pelo contrário, as pessoas são estimuladas a “fuçar” no sistema e propor melhorias. Claro que todo o processo passa depois por um comitê gestor que organiza e avalia o que de fato é melhor e garante a integridade do sistema. Mas nada impede que você na sua máquina mude as coisas do jeito que bem entender.
Esta abertura do sistema e a possibilidade de cada um “meter a mão” no programa acabou por gerar um mito que infelizmente afastou muitos possíveis usuários: o mito de que para usar o GNU/Linux era preciso ser um hacker. Bem, se no início o sistema demandava uma certa habilidade em digitar linhas de comando em um terminal de texto (assim como acontecia na época do DOS), hoje muitas distribuições GNU/Linux, são totalmente gráficas, amigáveis e intuitivas. Mas antes de prosseguir é melhor explicar como funcionam as “distribuições” ou “distros” como são conhecidas. O SO GNU/Linux é constituído de um cerne, conhecido como KERNEL e módulos. Estes são responsáveis por rodar o sistema e servir de base para os demais aplicativos. Sobre o Kernel e os módulos se criaram diversas interfaces gráficas para possibilitar ao usuário comum operar o sistema, estas são as “distros”. No meu caso comecei pelo UBUNTU, mas existem muitas outras como Suse, Slackware, Mint, Debian, Fedora, Zorin, ArchLinux etc. (são centenas…). Para quem trabalha com multimídia o destaque ficar para o AV Linux, um pacote já todo configurado com aplicativos de áudio e vídeo. A distro é o que de fato você vê na tela e por meio dela que você gerencia seu GNU/Linux. Em média a cada 6 meses sai uma atualização trazendo melhorias deixando o programa mais completo e fácil de usar.
Mas vamos ao que interessa: o que eu posso fazer com o GNU/Linux?
Eu diria: TUDO o que usuários padrão de computadores fazem + algumas coisas que grandes empresas e profissionais de TI preferem fazer no GNU/Linux (como servidores de internet e todos os campos onde a segurança é vital). Navegar na internet, gerenciar e-mails, criar e editar textos, apresentações de slides, planilhas de cálculo, ver, editar, vídeos, fotos, áudio, criar sites, jogos, contabilidade,…. enfim basicamente tudo que você faria com qualquer outro sistema, porém com uma grande diferença: de graça. Uma central de programas do apresenta em média mais de 41.000 programas entre aplicativos e itens técnicos para você escolher, baixar e instalar com um toque do mouse. Estes programas vêm de uma grande comunidade internacional de programadores que criam as mais diversas ferramentas e depois disponibilizam para a comunidade. Basta você procurar algo que está precisando, instalar e testar. Gostou? Ótimo. Não gostou? Desinstale e procure outro. Ajuda não falta nos muitos fóruns, sempre com alguém disposto a dar uma mão. Pela minha experiência nestes anos de GNU/Linux, para todas as dúvidas que tive já encontrei a resposta com alguém que tinha a mesma questão. Enfim… a colaboratividade deste universo é sem dúvida o ponto principal de uma nova cultura para o mundo digital. Um outro ponto, num certo sentido ainda mais fundamental, é que o GNU/Linux te dá a possibilidade de controlar totalmente a sua máquina. Você pode investigar todo o código fonte e fazer as alterações que achar conveniente. Você não precisa fazer isso, mas tem esta possibilidade. Isso significa liberdade e por outro lado desestimula o desenvolvedor a criar qualquer coisa que possa ser prejudicial ao usuário, como: “porta dos fundos”, censura, vigilância, roubo de dados e mais um monte de outras maldades. Um sistema proprietário simplesmente te nega o direito de se defender disso. O dono do programa tem o poder sobre você e você ainda paga por isso! No atual contexto mundial é difícil imaginar que as grande corporações não façam uso deste poder em benefício próprio.
Mas porque o GNU/Linux é tão pouco conhecido (atualmente segundo levantamento do site www.w3schools.com 5% dos usuários mundiais usam GNU/Linux)? Vou chutar uma resposta: ignorância e consequência do pernicioso efeito do marketing que molda a cabeça das pessoas. Você já viu propaganda de GNU/Linux? Provavelmente não. Do outro lado a Microsoft e a Apple gastam milhões em propaganda e lobbys violentos junto a grandes empresas e ao governo. A coisa funciona assim: a Microsoft faz um acordo com um grande banco e este monta seu sistema de Banco pela Internet para empresas que só funciona no Internet Explorer (que só roda no Windows). O mesmo acontece com alguns sites do governo, o que é nojento e vergonhoso. Isso é só pra dar um exemplo de como estas empresas tentam fechar e ter controle do mercado. Por isso tanto rebuliço quando o Google (que também não é nenhum anjinho) lançou o Android (que não é nada mais que uma distribuição Linux para aparelhos móveis) e abre uma fenda no poder monolítico do sr. Gates. Quando você compra um computador o Windows já vem instalado e você paga por isso. Mas pode, se quiser, pedir com GNU/Linux e ter o desconto. Hoje a opção por sistemas e aplicativos de código aberto faz parte de uma ação política de quem trabalha pela autonomia e liberdade do cidadão. É a opção de quem quer construir uma nova relação social, mais solidária, livre e democrática.
Vai abaixo uma lista de links para quem quiser saber mais e os aplicativos que uso frequentemente e com os quais estou muito satisfeito. Não deixam nada a desejar em relação aos programas proprietários, pelo contrário, em alguns casos são bem melhores.
Faça uma busca no YouTube e veja o que um Linux pode fazer e o que as pessoas que usam têm a dizer.
www.linuxfoundation.org
www.bandshed.net/AVLinux.html
www.vivaolinux.com.br
www.distrowatch.com/
Escritório
KMyMoney – gerenciador financeiro
LibreOffice – Suite completa (Texto, Apresentações de slides, Planilha de cálculo, Banco de dados, etc.)
PDF arranger – Aplicativo para desmembrar e fundir arquivos PDF.
Internet
Firefox – navegador
Chromium – navegador
ThuenderBird – gerenciador de e-mail
Gráficos
GIMP – editor de imagem
InkScape – desenho
SweetHome3D – arquitetura
Audio – Midi
Ardour
Audacity
MuseScore
Hydrogen Drum Machine
Sintetizador ZynAddSubFX
Linux Multimidia Studio LMMS
Qsynth
Vídeo
VLC Player – abre tudo
Kdenlive – editor de vídeo
youtube-dllp – baixar vídeos do YouTube
Diversos
FreeFileSync – sincronizador de pastas e arquivos